Acompanho a
cadeia produtiva da noz-pecã desde 2011, vindo a totalizar oito anos de
atividades de ensino, pesquisa e extensão, agora em setembro. Apesar de
somarem-se alguns pares de anos, tenho ciência que tempo não é sinônimo de
conhecimento, tão pouco de expertise,
sempre estamos construindo o conhecimento. Quem atrela seu conhecimento
unicamente por estar atuando em uma cadeia produtiva à tempo, cinco, dez ou
quinze anos, a meu ver beira a ingenuidade e arrogância. Levo você a fazer esta
reflexão, sobre as dificuldades que a nova pecanicultura está enfrentando hoje
porque infelizmente, muitos não perceberam ainda que a cultura está
perigosamente beirando períodos difíceis como na década de 60 e 70.
A cadeia está passando
por um novo boom nos últimos dez
anos, onde se implantou mais de 6.000 hectares de nogueira-pecã, hoje já
percebo que muitos pomares estão fadados a baixa produtividade (leia-se
inviabilidade financeira). E o pior disso? O pecanicultor não tem ciência que o
seu pomar é improdutivo e já se tornou inviável economicamente. Veja um exemplo
real, produtor com plantas de nove anos, colheu na safra passada 300Kg de nozes
em 650 plantas. Em um rápido cálculo, chegamos a uma produção média de 0.461
Kg/planta. Isso é ruim? Sem dúvidas, pois pomares produtivos, com a mesma idade
apresentam uma produção média de 12 a 15 Kg/planta (pelo menos).
Talvez você esteja pensando que esse
exemplo que citei acima ocorreu em apenas um pomar, não! Hoje há mais de 300
pomares nesta situação, alguns com 2 ha, outros com 20 ha ou 30 ha. Mas o que
aconteceu? Falta de preparo da área (calagem e adubação), mudas de baixa
qualidade, adubação e poda inadequada (ou inexistente), escolha de cultivares impróprias
(sensíveis a Sarna), baixa percentagem de polinizadoras (menos de 10%), falsas
informações como a imunidade de cultivares a ataque de doenças e pragas, enfim...
práticas culturais totalmente desajustadas e informações incorretas.
Certamente
há exemplos de sucesso, pomares com 10 anos onde a produtividade média é de 2 a
2,5 toneladas, alguns com 3 toneladas em anos on. Cito isso, pois alguns leitores podem achar que não conheço a
realidade da pecanicultura ou que até mesmo o texto é sensacionalista, mas
enfim. Verdades sejam ditas, o cenário é preocupante para mais da metade dos
pomares de noz-pecã no Brasil, necessitamos tomar atitudes para reverter esse
cenário.
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