terça-feira, 23 de abril de 2019

Buracos ao lado do tronco da muda

Durante a vistoria de um dos pomares pude observar de longe que uma das mudas de nogueira-pecã estava com um buraco no colo da planta. Na Foto a baixo é possível notar que em torno do colo da planta há dois buracos de tamanho considerável. Certamente não é comum que isso ocorra no pomar, tão pouco foi produzido em virtude de algum manejo das plantas.


Possivelmente estes buracos foram feitos por algum animal silvestre como Zorrilho (Conepatus chinga), ou qualquer outro. Enfim, independente do que causou isso, o dano sim é relevante. Observe na Foto ao lado que as raízes da planta estão expostas. As radicélas já desidrataram e apenas as raízes de fixação estão vivas. Esta planta não irá morrer porque pouco sistema radicular foi exposto ao ar, mas em outros momentos já encontrei plantas que morreram porque os buracos foram maiores e mais profundos, fazendo com que todo sistema radicular ficasse exposto. Nesse caso não, mas em outras plantas o animal, além de cavocar ao redor da muda, ainda roeu a raiz pivotante da muda, dano muito maior que acabou matando-á. 

06) Danos em mudas

Dependendo do tipo de muda e do vigor, é necessário realizar o tutoramento. Nessa prática utiliza-se um tutor que é fixada ao solo, do lado da planta e a mesma é amarrada junto a este guia. A amarração pode ser feita com barbante, fitilho ou espaguete (feito de borracha). Apesar de ser uma prática recomendada, devemos lembrar que a planta cresce durante o ciclo, aumentando o seu tamanho (altura) e diâmetro do tronco. Por isso é importante ao longo do ciclo afrouxar a amarração e em certo momento remover o fitilho/espaguete porque a planta atinge um diâmetro de caule considerável e dispensa o tutoramento. 
Caso não se tenha esse cuidado de remover o material de amarração podem ocorrer danos na planta, principalmente o estrangulamento do tronco, como nas Fotos abaixo. Perceba que o caule desenvolveu-se muito e o espaguete estrangulou o tronco. Nesse caso o dano é pequeno/inicial, por isso removi rapidamente o material. 
 

quarta-feira, 17 de abril de 2019

09) Download: Pecan Beginners Classes

Pecan Beginners Classes 

O College of Agricultural & Environmental Sciences da University of Georgia (EUA) realizou no dia 16 de abril de 2019, em sua sede no campos de Tifton, um curso sobre a cultura da noz-pecã. Conforme informações do site da instituição estiveram presentes mais de 30 pessoas (detalhes podem ser acessados em http://pecans.uga.edu). 
O objetivo desta postagem é direcionar o pecanicultor/leitor para o acesso as apresentações expostas pelos palestrantes no referido evento. Para tanto, acesse o link http://pecans.uga.edu/resources/presentations/pecan-beginners-classes.html e faça o download das nove palestras.
Bom estudo!

sexta-feira, 5 de abril de 2019

04) Sarna (Sintomas nas nozes)

A Sarna é comumente observada em algumas cultivares de nogueira-pecã. Ela pode causar danos nos folíolos, pecíolos, ramos e principalmente nas nozes (na cápsula que envolve a noz). Os sintomas são facilmente identificáveis, uma vez que formam pequenos pontos/manchas escuras em toda superfície da cápsula/Schuk. Na Foto abaixo podemos identificar esses sintomas mais avançados da doença, onde as manchas já coalesceram (uniram-se) e ocupam uma grande parte da estrutura da cápsula, quase não sendo perceptível que eram manchas/pontos.

Essa é uma cultivar extremamente sensível a Sarna, portanto, sugiro que se deve evitar implantar ela em pomares comerciais porque no Brasil não há fungicidas registrados para a cultura e o pecanicultor não poderá realizar tratamento fúngico. O pior de tudo? Essa cultivar é amplamente escolhida para compor os pomares do RS, SC e PR, infelizmente. 


quinta-feira, 4 de abril de 2019

03) Doenças (Sarna, sintomas em ramos)

O ciclo da nogueira-pecã no Brasil já está se encerrando, produtores já estão colhendo as nozes. Em seguida iniciará a senescência foliar e a planta entrará em dormência vegetativa. Mas o que chama a atenção em algumas cultivares do pomar, principalmente 'Shawnee', 'Cape Fear', 'Importada', 'Chickasaw', 'Choctaw', 'Mahan', são algumas pequenas manchas escuras nos ramos, como observado na Foto abaixo, coletada em um pomar que está no quinto ciclo. 


Essas lesões são causadas pela Sarna, principal doença fúngica da nogueira-pecã no Brasil. Note os pontos escuros, estes não são lesões no ramo, mas estruturas anexadas, justamente a estrutura de reprodução do patógeno. Elas irão passar o inverno ali e quando surgirem as primeiras brotações da planta, com o aumento da temperatura do ar, translocadas pelo vento, essas estruturas do fungo serão depositadas nos folíolos e ramos novos, iniciando a nova infestação/ciclo da doença. Algumas práticas culturais podem ser realizadas, entre elas o tratamento de inverno, que discutiremos nos próximos meses. 

quarta-feira, 3 de abril de 2019

O que causou esses danos nas folhas da pecã?

Rotineiramente, quando o pecanicultor vistoria o seu pomar, encontra algumas plantas com sintomas diferentes nas folhas, folíolos e/ou tronco. Hoje estive revisando uma área e veja o que encontrei, algumas plantas com os folíolos danificados, escuros e encarquilhados, Figura abaixo. Amplie a foto e perceba que no local das lesões não há nenhum esporo de fungos, isso já descarta a possibilidade do dano ser uma doença fúngica. Na avaliação devemos nos atentar para a simetria das lesões...note que não há um padrão de dano, tanto as nervuras estão lesionadas, como as entre-nervuras, as bordas, o meio do limbo foliar, enfim, total desordem, descartamos com isso a ocorrência de deficiência nutricional. 

Além dos folíolos estarem danificados, o caule da muda também estava com uma coloração diferente, e fazendo um pequeno corte com canivete, percebi que o tecido vascular estava seco, Figura abaixo. Isso também elimina a possibilidade de Fusariose, uma vez que este patógeno dificilmente causa rachadura no tronco. 
 

Então, o que causou esses sintomas? Avaliando o solo em torno da muda, e outros fatores, pude perceber que os danos são consequência de incineração, fogo. A muda/planta foi queimada (creio que não propositalmente). Note como é difícil fazer uma diagnose, há fungos, bactérias, vírus, danos mecânicos das mais diversas naturezas, enfim, um universo de fatores que podem danificar nossas mudas. Vistoriar o pomar frequentemente é o segredo para entender o desenvolvimento e crescimento das plantas e poder diagnosticar as anomalias de forma correta. 



terça-feira, 2 de abril de 2019

Opinião 01) A nova pecanicultura passa por dificuldades?

        Acompanho a cadeia produtiva da noz-pecã desde 2011, vindo a totalizar oito anos de atividades de ensino, pesquisa e extensão, agora em setembro. Apesar de somarem-se alguns pares de anos, tenho ciência que tempo não é sinônimo de conhecimento, tão pouco de expertise, sempre estamos construindo o conhecimento. Quem atrela seu conhecimento unicamente por estar atuando em uma cadeia produtiva à tempo, cinco, dez ou quinze anos, a meu ver beira a ingenuidade e arrogância. Levo você a fazer esta reflexão, sobre as dificuldades que a nova pecanicultura está enfrentando hoje porque infelizmente, muitos não perceberam ainda que a cultura está perigosamente beirando períodos difíceis como na década de 60 e 70.
          A cadeia está passando por um novo boom nos últimos dez anos, onde se implantou mais de 6.000 hectares de nogueira-pecã, hoje já percebo que muitos pomares estão fadados a baixa produtividade (leia-se inviabilidade financeira). E o pior disso? O pecanicultor não tem ciência que o seu pomar é improdutivo e já se tornou inviável economicamente. Veja um exemplo real, produtor com plantas de nove anos, colheu na safra passada 300Kg de nozes em 650 plantas. Em um rápido cálculo, chegamos a uma produção média de 0.461 Kg/planta. Isso é ruim? Sem dúvidas, pois pomares produtivos, com a mesma idade apresentam uma produção média de 12 a 15 Kg/planta (pelo menos).
            Talvez você esteja pensando que esse exemplo que citei acima ocorreu em apenas um pomar, não! Hoje há mais de 300 pomares nesta situação, alguns com 2 ha, outros com 20 ha ou 30 ha. Mas o que aconteceu? Falta de preparo da área (calagem e adubação), mudas de baixa qualidade, adubação e poda inadequada (ou inexistente), escolha de cultivares impróprias (sensíveis a Sarna), baixa percentagem de polinizadoras (menos de 10%), falsas informações como a imunidade de cultivares a ataque de doenças e pragas, enfim... práticas culturais totalmente desajustadas e informações incorretas.
            Certamente há exemplos de sucesso, pomares com 10 anos onde a produtividade média é de 2 a 2,5 toneladas, alguns com 3 toneladas em anos on. Cito isso, pois alguns leitores podem achar que não conheço a realidade da pecanicultura ou que até mesmo o texto é sensacionalista, mas enfim. Verdades sejam ditas, o cenário é preocupante para mais da metade dos pomares de noz-pecã no Brasil, necessitamos tomar atitudes para reverter esse cenário.

Notícias 12) Dia de campo (Noz-pecan - Inovação Tecnológica)

Será promovido no dia 27 de abril de 2019 o Dia-de-campo da Empresa Paralelo 30, em Cachoeira do Sul, RS, Brasil. Esse evento é tradicionalmente realizado pela P30, contando sempre com mais de 200 participantes. Um dos grande diferenciais é a constante atualização e exposição de práticas, manejos e equipamentos novos utilizados no pomar. 


04) Polinização

Relato de atividades de pesquisa

      Tive a oportunidade de participar da campanha de marketing da empresa Paralelo 30, a qual sempre disponibilizou seus pomares, sem custo algum, para que eu pudesse realizar os experimentos, principalmente com polinização. O vídeo pode ser visualizado abaixo.

        Nesse vídeo comento a trajetória das pesquisas realizadas em parceria com a P30, onde em 2014 iniciamos a avaliação do rendimento de amêndoa das cultivares de nogueira-pecã (avaliação continua até hoje, creio que por mais 10 anos, ao menos). Já em 2015 a pesquisa seguiu e elaboramos o primeiro gráfico de polinização das cultivares plantadas atualmente, disponível na postagem 01) Polinização. Em 2018, talvez a mais importante das pesquisas se iniciou, onde estamos avaliando carácteres de 12 cultivares, a fim de determinar quais as melhores polinizadoras para o Brasil.  

03) Colheita

Preparando o pomar para a colheita

            Na maioria do estado do RS a colheita da noz-pecã deve iniciar esta semana ou na próxima. Apesar do entusiasmo com um momento tão importante e esperado, alguns cuidados são necessários para que a operação/colheita seja realizada da melhor forma possível, otimizando mão-de-obra e outros recursos.

Certamente o primeiro cuidado e talvez o mais importante esteja relacionado à roçada da vegetação nas linhas e entre linhas. Esse manejo é necessário porque as nozes são pequenas e quando em contato com o solo, caso a vegetação esteja alta, a coleta da pecã é difícil, tanto com as mãos como com o globo coletor de nozes. A roçada deve ser realizada o mais breve possível, pois muitas cultivares, como Barton, Shawnee, Cape Fear, já estão com as cápsulas abrindo e algumas nozes podem já cair ao solo. Na Foto ao lado podemos ver que a roçada foi realizada corretamente.

O segundo ponto importante é saber a hora de utilizar o shaker. Se balançarmos as plantas muito cedo, muitas nozes que estão com a cápsula ainda fechada irão cair e estas possivelmente, mesmo se removermos a cápsula posteriormente, há possibilidade da amêndoa não prestar-se ao beneficiamento ou comercialização, pois não atingiu a maturação fisiológica. Aguarde até que pelo menos 60%  das cápsulas na planta estejam abertas, além disso, a noz deve estar levemente direcionada/exposta para fora cápsula, isso garante que a mesma já atingiu sua maturação fisiológica. Na Foto ao lado podemos perceber esse detalhe.


Muito importante saber que a noz-pecã deve estar madura fisiologicamente e esse sinal é dado quando a amêndoa desprende-se da cápsula, posiciona-se um pouco mais no exterior desse invólucro. Isso ocorre porque o tecido que liga a noz a cápsula (fibrilas) amadurece e despende-se do invólucro. Observem na Foto ao lado essas fibrilas.